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Nova Iorque, maio de 2025 — À medida que as discussões globais sobre a Inteligência Artificial (IA) e o seu impacto no futuro do trabalho se intensificam, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) prepara-se para reafirmar o seu compromisso com a Cooperação Sul-Sul e Triangular (CSST) na 22ª Sessão do Comité de Alto Nível sobre Cooperação Sul-Sul, que se reunirá na próxima semana na Sede das Nações Unidas.

No cerne da participação da OIT está uma mensagem clara: os países do Sul Global não estão apenas a adaptar-se às mudanças tecnológicas globais, mas também a moldá-las activamente. Ao alavancar a CSST, os países em desenvolvimento estão a trocar soluções baseadas nas suas próprias experiências, a construir capacidade institucional e a colaborar em políticas laborais que reflectem as suas realidades partilhadas.

Em representação da OIT, Anita Amorim, Chefe da Unidade de Parcerias Emergentes e Especiais, irá enfatizar o papel da organização na facilitação da aprendizagem mútua e da inovação entre países da América Latina, África e Ásia. Os seus próximos comentários irão enfatizar a necessidade de estruturas de governação inclusivas que vão para além da cooperação técnica e promovam um alinhamento mais profundo com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. Na visão da OIT, a CSST não é um processo paralelo à cooperação Norte-Sul, mas antes um pilar fundamental nos esforços globais para garantir que a transformação digital beneficia os trabalhadores, e não apenas os mercados.

A presença da OIT no debate geral será acompanhada por um evento paralelo de alto nível, organizado em colaboração com os Governos do Brasil e da Indonésia, bem como com o Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul (UNOSSC). O evento irá focar-se na forma como a Cooperação Sul-Sul e Triangular pode ser aproveitada para abordar tanto as oportunidades como os riscos impostos pela IA, particularmente em relação ao emprego, às qualificações e à protecção social.

Entre os principais participantes está José Gilberto Scandiucci, Ministro-Conselheiro da Missão Permanente do Brasil junto da ONU, cuja intervenção irá destacar as prioridades do Brasil enquanto ocupa a presidência do Grupo de Trabalho de Emprego do G20 e dos BRICS. Espera-se que o Brasil destaque a importância de ligar a IA a transições justas, proteções laborais e governação ética, posicionando-se como uma voz de liderança do Sul Global na construção de uma economia digital mais justa. Xiaojun Grace Wang, Diretora Adjunta do UNOSSC, também contribuirá para a sessão, descrevendo como as parcerias Sul-Sul podem acelerar a adoção de infraestruturas digitais inclusivas e a prontidão institucional em todas as regiões. A sua perspectiva reforça o crescente reconhecimento de que a inovação deve ser acompanhada por uma governação forte e pelo investimento na capacidade pública para apoiar o desenvolvimento sustentável e equitativo.

O evento servirá também de plataforma para a revisão de modelos de cooperação recentes emergentes dos contextos BRICS e G20. Espera-se que as lições destes fóruns, incluindo os quadros políticos sobre a qualificação digital e a utilização responsável da IA, fundamentem recomendações adicionais sobre o alinhamento da tecnologia com a justiça social e os padrões laborais. Paralelamente, a OIT apresentará a segunda edição da Universidade Sul-Sul “Líderes do Futuro no Mundo do Trabalho”, que se realizará em Brasília em abril de 2025. Esta iniciativa visa formar uma nova geração de líderes capacitados para gerir transições justas num mundo do trabalho em rápida evolução.

À medida que as discussões se desenrolam na ONU, a OIT continuará a defender estratégias de desenvolvimento pautadas pela solidariedade, e não pela dependência. Para os países do Sul Global, a Cooperação Sul-Sul continua a ser não só uma ferramenta prática, mas também uma escolha política para construir futuros digitais inclusivos, centrados no trabalhador e ancorados na justiça social.