29 de maio de 2025 NOVA IORQUE – A Organização Internacional do Trabalho (OIT) reafirmou a sua
dedicação inabalável à promoção da justiça social e do trabalho digno através da Cooperação Sul-Sul e Triangular (CSST) na 22ª Sessão do Comité de Alto Nível sobre Cooperação Sul-Sul, realizada na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) em Nova Iorque, no dia 28 de maio.
Em representação da OIT, Anita Amorim, Chefe da Unidade de Parcerias Emergentes e Especiais,
destacou o papel fundamental da organização na facilitação do intercâmbio de conhecimentos e da capacitação entre os países em desenvolvimento. Esta enfatizou o compromisso da OIT em apoiar
o Sul Global na partilha das melhores práticas e das lições aprendidas em áreas como a protecção social, o desenvolvimento de competências e as políticas do mercado de trabalho, de forma a melhor os equipar para enfrentar uma série de desafios que enfrentam.
Além disso, a OIT e o Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul (UNOSSC) organizaram um painel de discussão à margem da CSST, para explorar formas pelas quais a Inteligência Artificial (IA) e a Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) podem ser alavancadas para enfrentar desafios urgentes de desenvolvimento no Sul Global. Participaram no evento o governo da Indonésia e do Brasil, líderes globais, diplomatas e especialistas de renome, e a discussão foi informada por marcos políticos e modelos colaborativos emergentes dos BRICS, do G20 e de redes mais amplas da CSST. O evento abordou a dupla promessa e o perigo da IA na transformação das economias, sociedades e mercados de trabalho nos países em desenvolvimento. Os principais temas discutidos incluíram o papel da IA na transformação de empregos, no desenvolvimento de competências e na proteção social no Sul Global; o valor do diálogo social e da negociação colectiva na elaboração de estratégias tecnológicas inclusivas; e recomendações políticas que enfatizam o investimento em sectores subfinanciados, como as economias de assistência e verde, bem como a reafectação de trabalhadores em vez da deslocação. Cynthia Samuel-Olonjuwon, Diretora do Escritório da OIT para as Nações Unidas em Nova Iorque, moderou a sessão. Com base na sua liderança em políticas laborais e sociais em toda a África, ela enfatizou que “a IA não se trata apenas de automatização — trata-se de equidade, capacidade e trabalho digno. Através da cooperação Sul-Sul, podemos moldar um futuro digital que inclua todos.”
O painel incluiu José Gilberto Scandiucci, Ministro-Conselheiro da Missão Permanente do Brasil na ONU, que refletiu sobre os papéis de liderança do Brasil no G20 e nos BRICS e destacou a pressão do Brasil para transições justas, proteção dos trabalhadores e governação inclusiva da IA. Salientou que a IA era um tema central no Grupo de Trabalho de Emprego dos BRICS sob a presidência do Brasil em 2025 e uma prioridade fundamental para a presidência do G20 pela África do Sul.
Dwi Wisnu Budi Prabowo, Missão Permanente da Indonésia junto da ONU, destacou os esforços da Indonésia para promover a Cooperação Sul-Sul e Triangular, particularmente na inclusão digital e no desenvolvimento de capacidades. Salientou que a IA é uma transformação de dois gumes e apelou ao diálogo entre múltiplos intervenientes, políticas centradas no emprego e inovação inclusiva para garantir que ninguém é deixado para trás.
Participando remotamente, um representante da Organização Internacional de Empregadores (OIE) reforçou a participação dos empregadores no debate sobre a IA inclusiva e reafirmou a importância do diálogo social. A CSI também forneceu comentários importantes sobre as perspetivas dos trabalhadores.
Xiaojun Grace Wang, do UNOSSC, concluiu o evento destacando o poder do financiamento inovador e das parcerias na expansão das soluções de CTI em todo o Sul Global. Ela reforçou o apelo por normas laborais globais que abordem a inclusão relacionada com a IA.
O evento foi concluído com recomendações políticas claras para o reforço da cooperação em matéria de governação da IA e equidade digital; e renovadas parcerias entre governos, agências da ONU,
academia e o setor privado para apoiar a adoção sustentável da IA no Sul Global.
Espera-se que as lições destes fóruns, incluindo os marcos políticos sobre a qualificação digital e a utilização responsável da IA,
informar recomendações adicionais sobre o alinhamento da tecnologia com a justiça social e as normas laborais. Para os países do Sul Global, a Cooperação Sul-Sul continua a ser
não apenas uma ferramenta prática, mas também uma escolha política para construir futuros digitais inclusivos,
centrados no trabalhador e ancorados na justiça social.
Ao servir de plataforma para os participantes partilharem as melhores práticas e soluções com base nas suas próprias
experiências, a sessão organizada pela OIT proporcionou um espaço para os países do Sul Global
forneceremrecomendações e propostas de políticas baseadas nas suas próprias experiências e necessidades.
A participação geral da OIT na CSST e o seu papel de liderança na defesa da justiça social e do trabalho digno estão alinhados com a estratégia mais ampla da organização de alavancar a CSST para ajudar a alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Isto está em linha com o compromisso da OIT de reforçar a solidariedade e a colaboração entre as nações em desenvolvimento e com o seu próprio objectivo de aumentar a eficácia dos seus programas e iniciativas, garantindo que são adaptados às necessidades e contextos específicos dos países parceiros.